Vamos levar estudantes do NE para o Coda 2021
Catolé vai pagar 8 bolsas para o maior evento de jornalismo de dados do Brasil
Até o fim deste texto, eu conto direitinho como você pode participar. Antes, deixe eu explicar porque esse evento é tão importante; e porque precisamos ocupá-lo com nordestinos.
A primeira vez que eu consegui ir para o Coda BR (Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados) foi em novembro de 2019. Depois de alguns meses tentando consumir tudo o que eu podia encontrar na Internet sobre jornalismo de dados, de podcasts a TED Talks, eu embarquei para São Paulo com um bolo de rolo (oferecer comida é uma ótima forma de fazer amizades) e mergulhei por dois dias no principal evento do país para quem quer trabalhar com o uso de tecnologia no jornalismo.
Para quem nunca esteve no Coda (ou nunca ouviu falar sobre ele), o evento é um celeiro de inovação. Naquele ano, eu me sentei em uma das primeiras filas para ouvir Meghan Hoyer, editora de dados da Associated Press, explicar como eles haviam estruturado o modelo de negócios para colaborar com redações de todo os EUA.
Foi também numa oficina que eu ouvi pela primeira vez de Jamile Santana o conceito de jornalismo de dados local. Que esse texto registre a gratidão por, em 2021, ela ter aceitado se reunir comigo para me ajudar a construir o que viria a ser a Catolé.
Por causa das pessoas que eu conheci no Coda que, quatro meses depois, quando a pandemia chegou ao Brasil, eu me juntei ao time de voluntários do Brasil.IO para ajudar a tornar mais transparentes os dados sobre a covid-19 no país. Mais sobre isso nessa entrevista com Luisa Farias.
Mas, ao mesmo tempo em que eu vi de perto a potência que esse evento tem, uma coisa me incomodou enquanto eu estava lá: a falta de nordestinos. Dá pra contar nos dedos de uma mão aqueles que eu encontrei.
As primeiras bolsas
Um conjunto de fatores ajuda a explicar essa ausência de nordestinos. Além de grande parte da produção de jornalismo de dados do Brasil (ainda) estar concentrada em São Paulo, Rio e Brasília, demanda uma infraestrutura considerável ir até um evento desses. E, por infraestrutura, eu quero dizer dinheiro. Dinheiro para passagem aérea em um trecho continental; para hospedagem numa das cidades mais caras do país; para alimentação na Vila Mariana.
Em 2020, quando aglomerações se tornaram um risco sanitário, o Coda migrou pela primeira vez para o digital. E ficou mais barato. Não só o preço da inscrição diminuiu, como era possível acompanhar o evento da própria casa, eliminando vários dos gastos de deslocamento. Era uma tremenda janela de oportunidade.
Por isso, ao invés de ficar parado e esperar que as pessoas se interessassem pelo Coda, eu decidi que o meu papel era ir um pouco além e, literalmente, financiar a “ida” de três estudantes para esse evento. Não dá para reclamar que faltam treinamentos para esses jovens por aqui, e não fazer nada para mudar esse cenário.
Os relatos que vocês vão ler abaixo são de duas dessas pessoas. Depois deles, eu conto como essas bolsas vão funcionar em 2021.
Geovanna Morais, estudante da Unibra
Conheci o Coda no meu segundo período da faculdade, através de uma palestra sobre jornalismo de dados, na qual um dos mentores era o Paulo Veras.
Quando surgiu a oportunidade, vinda do Paulo, para participar do Coda de forma gratuita, fui uma das interessadas. Até então pouco sabia sobre o jornalismo de dados, mas sempre acreditei que seria importante conhecer novos horizontes.
No momento em que as palestras começaram a ser ministradas, percebi que o jornalismo de dados era muito amplo, e que poderia se tornar uma especialização na minha área. Com as palestras, consegui ter muito mais certeza que o jornalismo era a carreira que queria seguir.
Tudo isso aconteceu graças a uma oportunidade que tive no início do meu curso e a experiência que tive no Coda.
Com o Coda percebi quanto os dados são importantes para a sociedade atual. Principalmente nos dias de hoje, onde as informações precisam ser cada vez mais amplas, para que não ocorra erros.
Katarina Moraes, repórter do Jornal do Commercio
Ainda como estagiária, comecei a ter contato com os números no dia a dia da redação do jornal com a pandemia da covid-19; como muitos outros jornalistas. Não foi fácil! Para quem escolheu escrever como profissão, lidar com eles pode ser um pesadelo. Mas aos poucos, e com ajuda de outras pessoas mais experientes, fui aprendendo a desmistificá-los. E a perceber que ainda que estivesse mexendo em tabelas, tudo aquilo ainda era jornalismo.
Com o Coda BR, pude me aprofundar mais nesse estudo com perspectivas que nunca tive. O congresso tem espaço desde para quem está começando, até para quem já é expert nos dados. Por eu ser iniciante nessa área, me apeguei aos workshops mais simples, que me trouxeram muito conhecimento.
A lição mais importante que aprendi foi de que não há como separar a pessoa do número, e que é possível contar uma história através deles - o que mais gosto de fazer. Além de diversas técnicas que aprimoraram minhas análises, como aprender a mexer no Flourish, no Google Spreadsheets e a tornar a visualização mais simples.
Depois disso, entendi que é impossível fazer jornalismo sem ter o mínimo de noção sobre dados.
Bolsas em 2021
Este ano, com a Catolé, eu decidi dar um passo além. Vou oferecer oito bolsas para o Coda, no formato de inscrição simples (que não inclui se tornar membro do programa de membresia da Escola de Dados). Para participar, basta mandar um e-mail para catolenewsletter@gmail.com explicando em uma lauda/página porque você quer participar da conferência. Os e-mails devem ser enviados até o dia 27 de outubro, às 23h59.
Podem participar estudantes de jornalismo/comunicação ou profissionais que tenham concluído a graduação em 2021, de qualquer um dos nove estados do Nordeste. A diversidade de raça, gênero e sexualidade será um dos critérios.
O Coda 2021 acontece de forma online entre os dias 08 e 13 de novembro. Seis palestras serão abertas ao público, mas só inscritos terão acesso aos 20 workshops.
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Marco Zero, Fogo Cruzado e Unicap: Até o dia 29 deste mês, a Marco Zero Conteúdo, o Instituto Fogo Cruzado e a Universidade Católica de Pernambuco estarão aceitando inscrições para um laboratório-escola em jornalismo e visualização de dados focado na área de segurança pública e violência. Serão cinco bolsas de R$ 1,5 mil. Ao final, os selecionados produzirão matérias que serão publicadas em janeiro nos sites da Marco Zero e do Fogo Cruzado. Mais informações aqui.